Nota: Este conteúdo foi produzido com base no Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 68/2024, que ainda está em tramitação no Congresso Nacional. As regras e prazos descritos podem ser alterados até a regulamentação final da Reforma Tributária.
O Split Payment é um dos pilares centrais da Reforma Tributária em debate no Brasil e promete transformar profundamente a forma como as empresas recolhem tributos. O modelo propõe o repasse automático dos impostos no momento da venda, eliminando a necessidade de recolhimento posterior por parte do contribuinte.
Essa mudança traz consigo uma lógica nova: os tributos, como o futuro IVA, não serão mais recolhidos periodicamente, mas retidos diretamente pela intermediadora de pagamento e encaminhados ao Fisco em tempo real. O objetivo é reduzir sonegação, automatizar a arrecadação e fortalecer a fiscalização baseada em dados.
Neste artigo, você entenderá:
- O que é o Split Payment e quais são suas três modalidades propostas;
- Como ele pretende combater a concorrência desleal;
- O papel das credenciadoras de pagamento na nova tributação;
- O conceito de Administração Tributária 3.0;
- Como o Cadastro Único Nacional deve substituir os registros municipais e estaduais;
- E o que as empresas precisam considerar para se preparar para essa nova fase — caso o modelo seja aprovado.
O que é Split Payment e por que ele pode transformar a lógica de arrecadação fiscal
O termo Split Payment refere-se a um modelo no qual o valor da venda é automaticamente dividido no ato do pagamento: uma parte segue para o comerciante, e outra é destinada diretamente ao Fisco, como recolhimento de tributos.
O projeto da Reforma propõe que o Split seja utilizado para o recolhimento do futuro Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que substituirá tributos como ICMS, ISS, PIS e Cofins.
A ideia central é reduzir riscos de inadimplência e fraude, ao automatizar o recolhimento dos tributos e conectá-lo ao momento em que a venda acontece.
Entretanto, vale ressaltar que o modelo ainda não foi aprovado em definitivo, e existem pontos de discussão técnica e política em andamento — incluindo sua viabilidade para pequenos negócios e setores informais.
3 tipos de Split Payment: inteligente, simplificado e manual
De acordo com o texto atual do PLP 68/2024, estão previstos três formatos de Split Payment, que variam conforme o grau de complexidade e automação:
1. Split Inteligente
- Totalmente automatizado.
- A operação fiscal e o repasse do tributo ocorrem em tempo real, diretamente pelo sistema de pagamento.
- Exige integração entre o sistema de pagamento, o emissor de nota fiscal e o Fisco.
- Considerado mais adequado para empresas com infraestrutura tecnológica robusta.
2. Split Simplificado
- Voltado para empresas menores.
- O imposto pode ser retido com base em alíquotas pré-definidas ou faixas de faturamento.
- Busca simplificar a operação, sem exigir sistemas sofisticados.
- Pode facilitar a adesão de pequenos varejistas, embora detalhes ainda estejam sendo debatidos.
3. Split Manual
- Aplicado em cenários onde não é viável a automação imediata.
- O contribuinte calcula e informa o valor do imposto, que será repassado conforme regras pré-estabelecidas.
- Pode funcionar como etapa de transição para empresas que ainda estão se adaptando.
A definição da modalidade poderá levar em conta fatores como regime tributário, porte da empresa e setor de atuação.
Cronograma de transição: o que está previsto até agora
A Reforma Tributária não será implementada de forma abrupta. O governo propõe um período de transição gradual que se estenderá de 2026 a 2033, em fases.
O Split Payment, por ser um modelo novo e complexo, deverá entrar em vigor de forma progressiva, começando por setores com maior maturidade tecnológica e com maior impacto na arrecadação.
A adoção pelas empresas dependerá da publicação de regulamentações específicas e da disponibilidade de infraestrutura técnica, tanto do setor público quanto privado.
Como o Split Payment pode ajudar a combater a concorrência desleal no varejo
Hoje, muitas empresas que cumprem rigorosamente suas obrigações fiscais enfrentam concorrentes que sonegam impostos, operando de maneira informal ou omitindo informações fiscais.
O Split Payment busca estabelecer uma base mais justa de concorrência, ao eliminar a possibilidade de sonegação no momento da venda:
- Os impostos são automaticamente retidos e direcionados ao Fisco;
- As empresas passam a operar com custos fiscais nivelados;
- O impacto da informalidade tende a ser reduzido.
No entanto, sua eficácia dependerá da qualidade da implementação técnica, especialmente para garantir que não haja repasse indevido de obrigações a empresas sem preparo técnico.
O papel das credenciadoras de pagamento e a atuação do Banco Central
As credenciadoras (como Fiserv, Rede, Stone) terão um papel central nesse novo modelo, já que serão responsáveis por processar o pagamento e dividir os valores entre o Fisco e o comerciante.
As atribuições previstas incluem:
- Identificar a natureza da transação e o valor tributável;
- Calcular o tributo conforme a alíquota vigente;
- Reter e repassar os valores à autoridade fiscal;
- Comunicar essas informações em tempo real aos sistemas autorizados.
O Banco Central do Brasil deverá atuar como órgão regulador e padronizador da tecnologia envolvida. Isso inclui:
- Estabelecer protocolos de segurança e rastreabilidade;
- Definir critérios de interoperabilidade entre sistemas;
- Certificar operadores aptos a processar Split Payment.
Essa atuação será essencial para garantir segurança jurídica, transparência e uniformidade operacional.
Administração Tributária 3.0: o Fisco mais digital, preditivo e automatizado
O conceito de Administração Tributária 3.0 reflete o avanço do Fisco na direção de um modelo baseado em dados, monitoramento em tempo real e inteligência artificial (IA).
O objetivo é substituir abordagens reativas (como fiscalizações presenciais) por práticas mais preventivas e analíticas, com destaque para:
- Monitoramento contínuo de transações;
- Cruzamento automático de dados fiscais, bancários e comerciais;
- Detecção precoce de inconsistências;
- Envio de alertas assistidos aos contribuintes.
Nesse novo ambiente, o papel dos sistemas de gestão torna-se decisivo. Soluções como o TED ERP podem auxiliar empresas a estruturar seus dados de forma clara, auditável e compatível com a tributação digital.
Cadastro Único Nacional: simplificando registros fiscais em todo o país
A proposta de criação do Cadastro Único Nacional de Contribuintes pretende eliminar a necessidade de cadastros estaduais e municipais, que hoje complicam a vida de empresas que atuam em mais de uma localidade.
Com essa unificação:
- O CNPJ será o único identificador necessário para todas as obrigações fiscais;
- Haverá redução de burocracia e erros cadastrais;
- Empresas poderão expedir documentos fiscais eletrônicos com mais agilidade, independente do município;
- O processo de abertura, alteração e encerramento de empresas será mais simples.
Essa mudança será especialmente benéfica para varejistas multiloja, franquias e empresas que desejam expandir geograficamente.
Split Payment e meios de pagamento: como o modelo pode funcionar com PIX, cartões e dinheiro
O modelo de Split Payment será aplicado preferencialmente sobre meios de pagamento digitais, onde há possibilidade de intermediação automatizada.
No entanto, ainda existe incerteza sobre:
- Como será o tratamento de vendas em dinheiro;
- Como o PIX será utilizado como base para Split (especialmente no PIX por aproximação);
- Qual será o papel das TEFs, POS e PDVs Android nesse ecossistema.
Esses pontos deverão ser regulamentados com mais clareza nos próximos meses, e sua aplicação poderá variar conforme o setor e o tipo de transação.
Como sua empresa pode se preparar: adaptações essenciais e pontos de atenção
A preparação para o Split Payment deve começar com:
- Atualização dos sistemas de gestão para emissão fiscal e controle financeiro digital;
- Integração com credenciadoras, TEFs e soluções fiscais homologadas;
- Treinamento das equipes fiscais, contábeis e operacionais;
- Acompanhamento das publicações do governo e das entidades setoriais;
- Diálogo com contadores e parceiros de tecnologia.
Se sua empresa ainda depende de processos manuais ou está com sistemas defasados, agora é o momento ideal para planejar a transição.
Split Payment é uma proposta em evolução — acompanhe de forma estratégica
O Split Payment representa uma tentativa ambiciosa de modernizar o sistema tributário brasileiro, automatizando o recolhimento de impostos e aproximando o país de modelos adotados em economias mais digitalizadas.
Porém, é importante lembrar que:
- Trata-se de uma proposta ainda em tramitação;
- Haverá um período de transição até a plena implementação (2026–2033);
- Muitos aspectos ainda precisam de regulamentação técnica e legal;
- Pequenos negócios terão desafios adicionais de adaptação tecnológica e operacional.
Empresas que se anteciparem nesse processo — com o apoio de sistemas confiáveis, equipes bem informadas e processos claros — terão melhores condições de crescer em um ambiente fiscal mais previsível e automatizado.
Para entender como adaptar sua operação com segurança, fale com um especialista.

João Busin, possui mais de 16 anos de experiência no desenvolvimento de soluções tecnológicas voltadas para o varejo. À frente da Tedsys, ele impulsiona a inovação e a eficiência no setor de software SaaS, oferecendo ferramentas avançadas de gestão empresarial que ajudam empreendedores a transformar desafios em oportunidades. Apaixonado por tecnologia e gestão estratégica, João dedica-se a criar soluções práticas que simplificam operações e promovem o crescimento sustentável das empresas.